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UMA CARTA à JUVENTUDE

I. P. Pavlov (1849-1936)

O que eu desejaria aos jovens de minha terra, que se dedicarão à ciência?

Primeiro de tudo ?coerência. Desta condição muito importante para um trabalho científico frutífero, eu não posso falar sem emoção. Coerência, coerência, e de novo coerência. Desde o começo, inculquem em si mesmos o hábito da coerência estrita na aquisição do conhecimento.

Aprendam o ABC da ciência antes de tentar escalar seus picos. Nunca embarquem no que vem depois sem ter dominado o que vem antes. Nunca tentem ocultar as lacunas de seu conhecimento, mesmo pelas especulações e hipóteses mais audaciosas. Não importa quanto esta bolha de ilusão possa deleitar os olhos pela profusão de cores, ela com certeza explodir? e a vocês não restar?nada além de confusão.

Desenvolvam em si mesmos a contenção e a paciência. Nunca evitem as tarefas árduas da ciência. Estudem, comparem, acumulem fatos. Não importa quão perfeita a asa de um pássaro possa parecer, ela nunca poderia fazer o pássaro voar sem o suporte do ar. Os fatos são o ar dos cientistas. Sem eles vocês nunca serão capazes de alçar vôo, sem eles suas “teorias?serão estéreis.

Mas ao estudar, experimentar e observar, façam o possível para chegarem embaixo da pele dos fatos. Não se tornem armazenadores de fatos. Tentem penetrar nos segredos de sua origem. Busquem persistentemente as regras que os governam.

A segunda coisa ?a modéstia. Nunca pensem que vocês sabem tudo. Não importa quão alto seja seu conceito, tenham sempre a coragem de dizer a si mesmos: “Eu sou ignorante?

Não deixem que o orgulho os possua. Ele resultar?em obstinação, quando vocês deveriam ser conciliatórios. Ele os levar?a recusar conselho útil e ajuda amigável. Ele os privar?da habilidade de serem

objetivos. Na equipe na qual eu sou líder, tudo depende do ambiente. Todos nós estamos subordinados a uma causa comum e cada um faz sua parte. Conosco ?quase impossível discernir o que ?“meu?e o que ?“seu? mas desse modo, nosso objetivo comum apenas ganha.

A terceira coisa ??paixão. Lembrem-se, a ciência exige toda a sua vida. Mesmo que vocês tivessem duas vidas para dar, elas não seriam suficientes. A ciência exige do homem o máximo esforço e a suprema paixão.

Sejam apaixonados em seu trabalho e em suas pesquisas.

 

Fonte: Extraído de Koshtoyants (1955, pp. 52-53).

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