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Comportamento governado por regras e por contingências

Maria Regina Cavalcante

Comportamento governado por regras e comportamento modelados por contingências: uma breve apresentação

Maria Regina Cavalcante (UNESP-Bauru)

Os indivíduos , na convivência em sociedade, aprendem um extenso repertorio de comportamentos determinados pela cultura. Comporta-se de acordos com os padrões de uma determinada sociedade pode ser aprendido pelas conseqüências diretas do comportamento, mas também pode ser aprendido indiretamente, através de regras.

Skinner (1969) descreveu as diferenças entre comportamento governado por regras (CGR) comportamento modelado pelas contingências (CMC). CGR são comportamentos que se encontram sob controle de estímulos discriminativos verbais específicos-regras. Estas descrevem ou sinalizam para uma pessoa que ainda não foi exposta a um determinado ambiente, qual a contingência em vigor, ou seja, as ocasiões as respostas e as conseqüências prevista para um dado contexto. CMC são comportamentos mantidos diretamente pos sua conseqüência ambientais, isto é, pelas relações entre a resposta e suas conseqüências.

É importante ressaltar que CGR refere-se a dois operantes que são mantidos por contingências diferentes: o operante de seguir regras e o operante especificado pela regra. O comportamento especificado pela regra se mantém pelas contingências nela descrita e o comportamento de seguir regras é mantido por suas conseqüências naturais.então CGR pode ser modificado através da alteração tanto dos antecedentes como das conseqüências ou de ambos. Ao contrário ,CMC é modificado apenas conseqüências especificadas nas contingências e pela modificação no estimulo relacionado com a contingência ou ela sua ausência (Cerutti,1989).

Segundo Skinner (1982), o comportamento governado por regras é particularmente importante em algumas circunstâncias. Regras facilitam a aquisição e manutenção do comportamento quando as conseqüências do comportamento são pouco claras ou ineficazes. São de fundamental importância nessas ocasiões, pois podem possibilitar um certo controle por conseqüências remotas. Além disso, regras apresentadas pelo experimentador e aquelas elaboradas pelo próprio sujeito têm sido consideradas como uma das variáveis determinadas das diferenças entre o desempenho de humanos e não humanos submetidos a esquema de reforçamento.

Lowe,Beasty e Bentall (1983) descreveram as diferenças no desempenho de humanos e não humanos submetido ao esquema de intervalo fixo (FI). Os não humanos apresentaram padrão de desempenho “meia-lua” – caracterizado por pausa pós – reforçamento seguida de aceleração crescente na taxa de resposta as quis cessavam quando o próximo reforço era apresentado. Já o desempenho de humanos apresentou dois padrões: taxas de respostas altas e constantes ou taxas de respostas baixa, com poucas respostas ao final do intervalo.

Os resultados destes estudos geraram a necessidade de se investigar os efeitos de regras e de contingências sobre o comportamento humano.

As investigações sobre os efeitos de regras e de contingências sobre o comportamento humano tem mostrado a força do controle instrucional e sugerem a necessidade de, ao ser desenvolvidos estudos nos quais a interação verbal entre experimentador e sujeitos seja inevitável, que o experimentador planeje condições que possibilitem identificar quando o comportamento em estudo esta sob controle do esquema ou das regras. Além disso, os resultados do estudo de Catania, Matthews e Shimoff, (1982), demontrarm que o comportamento verbal freqüentemente determina o comportamento não verbal subseqüente quando o comportamento verbal é modelado. Então, uma forma de modificar o comportamento humano é modificar é modificar a fala individual privada, ou seja, modificar o que os indivíduos falam para si próprio ou pensam, desde que esta fala seja modelada (Catania,Matthews e Shimoff, 1982).

Embora já exista um acúmulo de dados relativos ao efeito de regras e de contingência sobre o comportamento humano, a literatura sugere que se continue investigando as condições nas quais o comportamento é instalado e mantido pelas conseqüências ou pelas regras. Os estudos devem considerar as condições antecedentes e conseqüentes do comportamento de seguir regras, assim como a natureza das regras.

Para esclarecimento sobre os conceitos de comportamento governado por regras e comportamento modelado por contingências, sugere-se o texto de Skinner intitulado: “A Fable”. Neste artigo, o autor explica, através de exemplos fictícios em situação natural, como se daria a aprendizagem diretamente pelas conseqüências (modelagem) e da discrição das contingências (comportamento governado por regras). Há um considerável e bem-vindo esforço em Skinner nesse trabalho para contrastar esses processos e esclarecer suas diferenças. Além disso Skinner tenta explicitar um tratamento behaviorista radical para certos eventos complexo envolvendo a chamada “subjetividade humana”, como o “ver” e o “sentir”e o lugar da cultura na construção da linguagem.

Pelos vitais temas tratados em busca da compreensão do comportamento humano e, especialmente, pelo estilo menos formal adotado para fazê-lo, o artigo sugerido para leitura parece ser uma ótima introdução a alguns dos aspectos mas difíceis sutis do pensamento de Skinner.

 

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